Começo por congratular a redacção da entrevista da nossa conterrânea Margarida Alvarinhas, publicada no Diário de Coimbra de ontem dia 7 de Janeiro de 2010.
Nesse artigo é definido um conjunto de estratégias previa, devidamente delineadas e apresentadas por Luis Maricato “porta-voz” das seis maiores empresas que operam nas descidas do rio Mondego em Penacova.
Nesta matéria o edil Penacovense já se manifestou nos média, lamento no entanto, ainda não se ter aliado à comunidade civil, convocando-a a fazer-se representar em sede própria, auscultando e apoiando todos os movimentos que tenham como objectivo inviabilizar a construção da mini hídrica. Assumindo o papel de principal parceiro em vez de optar pela demonstração de oposição isolada o que poderá dificultar a obtenção daquela que me parece também a sua vontade pessoal e institucional.
Sr. Presidente inicie uma verdadeira oposição a tal objectivo imposto pelos mesmos de sempre que têm como objectivo servir os lobbies obscuros que destroem o futuro deste Portugal dos Portugueses, e neste caso dos Penacovenses.
"MINI-HÍDRICA EM PENACOVA
Operadores do Mondego admitem processar Estado
Petição na Assembleia da República é uma das acções previstas, não estando excluída a hipótese de processar o Estado
Os principais operadores turísticos de descidas do rio Mondego em canoa já delinearam a sua estratégia de “combate” à construção de uma mini-hídrica em Foz do Caneiro, entre Penacova e Coimbra, precisamente a meio do troço de rio que é, desde há mais de 20 anos, explorado em descidas em canoa. Depois de um encontro, na quarta-feira, com a presidente da Administração da Região Hidrográfica do Centro (AHRC) os operadores já decidiram: vão criar uma plataforma que reúna as várias sensibilidades e entidades a favor das descidas de rio e vão promover uma petição que será entregue na Assembleia da República, para levar à discussão, em plenário, um assunto que, nos últimos tempos, tem provocado várias manifestações de discordância relativamente à possibilidade de construção de uma mini-hídrica que representaria “a morte” das descidas de rio. Mas as medidas dos operadores não se ficam por aqui, estando mesmo a ser estudada a hipótese de processar o Estado Português.
Liga Portuguesa da Natureza, Confraria da Lampreia, Turismo Centro de Portugal, responsáveis pela área do turismo das autarquias de Penacova e Coimbra, bem como juntas de freguesia são, desde já, apontados como fortes membros a integrar a plataforma. São estes, de resto, actores que, recorda Luís Maricato, responsável de um dos operadores turísticos, que já se manifestaram publicamente contra o projecto. Nesta primeira fase, esclarece ainda, serão feitos os contactos, para que a estrutura seja uma realidade.
No imediato, diz ainda Luís Maricato, vão ser solicitadas reuniões com os deputados eleitos pelo distrito dos vários partidos na Assembleia da República, para que «possam também ser defensores» desta causa.
Empresas podem ter de fechar
Construída a plataforma será, então, altura para dar início à recolha de assinaturas para a petição que se pretende entregar na Assembleia da República. Quatro mil assinaturas é o número mínimo necessário, mas «com tantos clientes a descer o rio não será difícil chegar às 10 mil», acredita Luís Maricato, que se manifesta em nome das seis principais empresas que operam nas descidas de rio, naquele troço.
Aliás, contas feitas pelos operadores, há, anualmente, mais de 30 mil pessoas a descer o rio Mondego em canoa, sendo esta uma das actividades de animação turística que mais praticantes envolve a nível nacional. Ao número de utilizadores, «dos oito aos 80 anos», há ainda que somar os ganhos económicos, tanto para as empresas directamente envolvidas, como para a hotelaria e restauração da região, não esquecendo mesmo os serviços de transporte, bem como os postos de trabalho que a actividade assegura. Falando de valores, as empresas referem-se a meio milhão de euros movimentados anualmente e não deixam de alertar para o facto de a construção da mini-hídrica poder levar algumas empresas a «fechar portas».
Ao Diário de Coimbra, Luís Maricato recorda ainda que as empresas pagam licenças ao Estado e investem no seu equipamento. Só o alvará de animação turística ao Turismo de Portugal leva, anualmente, 2500 euros a cada empresa, a que se soma a licença de utilização do domínio hídrico, paga de cinco em cinco anos. «Cumprimos a legislação, pagamos licenças, fazemos investimentos», resume, para considerar que, se a mini-hírdrica avançar, o Estado vai ter de compensar as empresas. Por isso, «processar o Estado Português» é uma hipótese que está em cima da mesa.
Solução a montante ou a jusante do troço de rio
Apesar do encontro «cordial», que os operadores tiveram com a presidente da ARHC, e de alguma «sensibilidade» e «abertura» demonstrada por Teresa Fidélis, a verdade é que quem anda na “água” continua a não estar convencido relativamente à construção da mini-hídrica. Isto apesar de a presidente da ARHC ter manifestado, segundo o Diário de Coimbra apurou, vontade em encontrar uma solução compatível com os dois interesses: de navegabilidade do rio e de construção da mini-hídrica. A ARHC mantém, de resto, a posição que já antes tinha manifestado: é possível compatibilizar os dois interesses e, não havendo ainda uma decisão definitiva relativamente ao projecto, tudo dependerá das conclusões da Avaliação de Impacte Ambiental.
Uma posição que não convence os operadores, na medida em que, mesmo sendo encontrada uma solução que sirva ambos os interesses, o rio deixará, obrigatoriamente, de ter condições para a descida de canoas e ter apenas aptidão para a canoagem que, está visto, diz Luís Maricato, não atrai praticantes da mesma forma que atraem as descidas. Desde logo porque é necessária uma preparação física que poucos terão.
A solução, aponta, seria a construção da mini-hídrica a montante do local habitual de “embarque” dos praticantes, em Penacova, eventualmente no açude de Carvoeira, ou mesmo a jusante, «no açude Coimbra, que não tem aproveitamento hídrico não se sabe porquê»."